segunda-feira, 29 de julho de 2013

Aquele Livro que Li: O Nome do Vento (A Crônica do Matador do Rei - Primeiro Dia)



Essa coluna fala de livros que li tem um tempo. Fala do que ficou deles. Após lermos sentimos uma coisa, mas muitas vezes, passado o tempo, o que nós lembramos e sentimos por ele pode mudar. Nessa coluna falo dos pontos mais importantes, mais marcantes, aquilo que realmente vem a mente quando penso no livro, mesmo após tanto tempo.

 Hoje vou falar do primeiro livro de uma trilogia (acho que vai ser trilogia pela lógica) que gostei muito. Ainda não consegui comprar o segundo livro (promoção, por favor!), mas pretendo fazer isso logo. Isso porque o terceiro (e provavelmente último livro) sai ano que vem e os direitos da saga já foi vendida para uma série.

Hoje falo da Crônica do Matador do Rei, do primeiro dia. Falo do O Nome do Vento.


Nesse livro acompanhamos, em terceira pessoa, Kote, um homem simples e misterioso dono de uma pequena estalagem num pequenina cidade. Porém coisas estranhas estão acontecendo por todo canto, magia aparentemente ataca. E na pequena hospedagem desse homem chega o Cronista. Um famoso escritor que roda o mundo escrevendo biografias de pessoas importantes. E, numa conversa, ele revela que Kote não é aquele ninguém que nos foi apresentado mas sim Kvothe (pronuncia-se Kuouth), Reshi, O Matador do Rei, Sem-Sangue. Ele ainda carrega alguns outros nomes. O Cronista implora para que Kvothe conte sua história e o mesmo aceita, dizendo que para contar tudo precisará de três dias. Em O Nome do Vento, acompanhamos o primeiro dia. O autor do livro é Patrick Rothfuss.

Eu já conhecera o medo. (...) O medo mantinha a pessoa viva. (...) Um medo  não apenas de ter o corpo ferido, mas a vida inteira arruinada. 

Agora, é difícil falar mais do livro porque ele é grande e muita coisa acontece, no primeiro dia acompanhamos a infância, a pré e a adolescência de Kvothe, e é quase impossível dizer o que acontece nessas época sem dar spoiler, pois o livro não pára em um só lugar. Há algo sempre novo, um novo caminho, um novo objetivo e, é claro, novos problemas.

O ponto mais forte do livro, sem dúvida é sua narrativa. Quando no tempo presente, é em terceira pessoa, o que cria um grande mistério e desejo de saber o que aconteceu com Kvothe que parece triste e enigmático. Porém, quando ele conta sua história ao Cronista, nós vamos para  a primeira pessoa e é aqui que realmente se torna algo sensacional. Coloquemos a infância dele como exemplo, a época que ele viajava com a família. Vemos as coisas pelos olhos do adulto no futuro contando, mas ainda assim sob os olhos da criança vivenciando, o que dá comentários interessantes pela parte do  homem futuro. É algo meio complicado de explicar, só lendo para entender. Devo dizer que já li alguns livros que seguiam o mesmo estilo e poucos fizeram com a maestria de Rothfuss.

Quando crianças, raramente pensamos no futuro. Essa inocência nos deixa livres para nos divertirmos como  poucos adultos conseguem. O dia em que nos inquietamos com o futuro é aquele em que deixamos a infância para trás. 

Os personagens também é outro ponto fortíssimo do livro. Nós realmente amamos e os odiamos. Nenhum personagem é inteiramente bom, nenhum personagem é inteiramente mau. Todos são humanos (digo, não humanos humanos no sentido racial, porque alguns não são, mas todos tem sua complexidade interna, nenhum é só uma coisa.) E Kvothe não é exceção aqui.

Porque o orgulho é uma coisa estranha, e porque a generosidade merece ser retribuída com generosidade. Mas foi sobretudo por me parecer a coisa certa, e essa é uma razão suficiente

Nós o vemos amadurecer de um pequeno menino curioso e ingênuo à um moleque fazendo de tudo para sobreviver independente de qualquer um até um jovem homem que faz o que acredita ser certo, porém também faz o que é necessário para si. Então nós o vemos quando um homem se apieda dele e lhe dá gratuitamente sapatos caros que mal foram usados, ele ainda assim deixa o dinheiro (mesmo que seja insuficiente para pagar) porque lhe parece certo. Mas se o mesmo só tem uma única chance de realizar seu maior sonho e entrar na melhor universidade do mundo, então ele irá trapacear sim. E esse tipo de coisa que faz com que nos aproximemos com nosso sofredor personagem. Sua força de vontade, seu caráter e seu ideal. E seu sofrimento.

Acho que há poucos personagens no mundo literários que sofreram tanto quanto o Kvothe. Emocional, psicológica e fisicamente. Sofre também preconceitos, discriminação. Sofre por amor, sofre por não ter o que comer. Mas ele sempre vai em frente, sozinho, fazendo o que é necessário, porém sem jamais trair seus ideais. E é isso que torna tão angustiante quando o livro nos manda para o tempo presente e nos mostra um Kvothe mais obscuro, que apesar de ainda parecer querer fazer o que é certo, ainda assim parece não ter mais tanta força de vontade para tal. E é a visão desse personagem tão diferente que nos instiga a virar cada página das mais de seiscentas que tem para sabermos o que houve com ele.

Sabiam também que eram amigos e que compartilhavam um amor certeiro que nunca os deixaria. Sabiam muitas outras coisas, mas nenhuma parecia tão importante quanto essa. Talvez tivessem razão. 

A Crônica do Matador do Rei se passa num mundo próprio - Os Quatro Cantos - e é um mundo muito bem trabalho, dá para ver como o autor conhece o próprio mundo, o problema é que nós mesmo não o conhecemos tão bem, o que é tanto positivo quanto negativo. Positivo porque o autor não nos enche de informações sobre o mundo, informações que poderiam tornar cansativo dependendo  de tudo. E é compreensível não ser tão explicado uma vez que  a história é contada por um homem que vive naquele mundo para outro que também o faz. Mas também pode ser negativo pois se você se envolve com o livro como eu fiz, mergulhando de cabeça, você acaba querendo saber mais. Porém não entendam mal, as coisas que precisamos saber é bem explicada. Seja pelo Kvothe com comentários bem feitos, seja até por notas no próprio livro.

 "Então essa é a diferença entre contar uma história e estar dentro dela (...): o medo."

Também não posso deixar de falar da capa do livro que é magnífica. Usei-a como meu papel de parede do desktop por semanas (e eu sou do tipo que vive mudando o papel). A visão de Kvothe e seu instrumento tão icônico no livro e a vista da universidade e a ponte que a liga a cidade. Não só é linda como cabe perfeitamente com o livro. E dentro do livro nós também temos um mapa dos Quatro Cantos, pessoalmente amo quando livros fazem isso e vivo voltando lá para ver onde o personagem está.

(...) sabia que era preciso ter dinheiro ou inteligência (...) Quanto mais se tinha de um, menos se precisava do outro. 

Então é isso para Aquele Livro que Li desse mês. O Nome do Vento é um livro que amo de verdade, e que recomendo a qualquer um que goste o mínimo que seja de fantasia. Tenho enrolado para comprar o segundo porque pelo preço  dele dá pra comprar dois outros livros, mas pretendo fazer isso logo e estou muito feliz de saber que vai virar série porque é o tipo de livro que merece isso (e seria impossível ser filme). Então recomendo sim o livro, o preço é pouquinho chato, mas vale muito a pena.

Ah, aqui o mapa de dentro do livro:

9 comentários:

  1. É bem verdade que, as vezes, com o passar do tempo, nossos sentimentos em relação aquele livro muda.
    Apesar de não parecer muito com o que leio, eu leria sim este livro.

    Ótima semana para ti...
    beijos
    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  2. Eu li esse livro tbm...simplesmente ameeeeeeeei!
    beijos, e boa semana! :*

    www.diariodepenteadeira.blogspot.com

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  3. Gostei muito da sua resenha, mas não é o gênero que curto >.< Mas quem sabe eu arrisque ...

    Adolecentro

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  4. deu muita vontade de ler agora *---*

    http://amoresepipoca.blogspot.com.br/

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  5. Oi Bru!

    Este é o meu gênero predileto e com uma resenha estas, como não ler? Jura que tem preço meio salgado? Que pena...Quando achar a promoção, me avise? Valeu!! haha

    Beijos!!

    Nadja Moreno - Escrev'Arte

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  6. Oi, Bruna! :)

    Sabe que eu estou doida para ler esse livro, e agora então... acho que vou agora mesmo dar uma voltinha pelo submarino. Kkkkkkkkkkk!!!
    Beijos!

    Café com Leituras!
    http://cafecomleiturasneriana.blogspot.com.br/

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  7. Oi Bruna! Vi seu recado no Skoob e vim aqui conhecer seu blog, que é lindo! :)
    Adorei sua resenha e concordo com tudo o que disse! Acabei de ler O Temor do Sábio essa semana e ainda não consegui sair do mundo criado por Rothfuss... Estou completamente apaixonada pela história e, principalmente, pelo Kvothe! hehe...
    Ainda não postei minhas resenhas de O Nome do Vento e O Temor do Sábio no blog, mas já postei lá no Skoob. Se te interessar é só ir lá dar uma olhada!
    Beeejo!

    http://maisumapaginalivros.blogspot.com.br/
    Mais Uma Página

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  8. Oi Bruna,
    realmente é dificil falar de um livro muito grande,
    são tantas coisas que se for falar a resenha fica enorme, por outro lado sempre parece que está faltando algo importante a ser falado, enfim, estou louca pra ler esse livro já faz um bom tempo.

    Valeu a dica
    http://soubibliofila.blogspot.com.br/

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  9. Ahhh esse eu é meu livro favorito :)
    Muitooo boa mesmo a história.

    Beijooos,
    Bell
    http://contosdoguerreiro.blogspot.com/

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